segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Camilo admite intensificar conversas para fechar chapa

Embora reconheça que Saúde e Segurança representam gargalos à gestão atualmente, o governador Camilo Santana destaca ações nas duas áreas e afirma que trabalha para manter o Estado equilibrado no ano que vem                            Foto: José Leomar
Governador, como é enfrentar uma eleição com a política e os políticos numa situação até degradante?
Eu acho que nós estamos vivendo um momento, no Brasil, que precisa servir de exemplo para que a gente possa construir uma política que as pessoas compreendam como papel de transformar, de uma visão republicana, de cuidar das pessoas, de cuidar dos estados. Infelizmente, há uma descrença muito grande, por tanta coisa ruim que as pessoas têm observado na política. Na política e no País como um todo, né? Então, é preciso ter uma reforma política no País. Eu fico impressionado como é que, diante de tudo que aconteceu nos últimos anos, a gente não conseguiu produzir uma reforma política nesse País. Nós vamos passar numa eleição praticamente nos mesmos moldes das eleições anteriores. (A reforma) Mudou pouquíssimas coisas, então acho que o Brasil precisa ter mais compreensão da necessidade de se fazer uma reforma política. Nós temos 40 partidos! Isso não existe! As pessoas criam partidos, hoje, para fazer negócios, para cobrar espaço, para barganhar. É preciso a compreensão da necessidade de fazer uma reforma política profunda nesse País, não uma reforma política de faz-de-conta. O que vou procurar fazer nas próximas eleições é mostrar o que o Estado tem feito, os avanços que o Estado vem procurando fazer, que os compromissos que assumimos estamos cumprindo, o que nós desejamos para o futuro do Ceará. E fazer um debate franco, tranquilo, em relação à necessidade de, cada vez mais, construir uma política mais franca, mais transparente, mais séria, mais republicana, uma gestão pública mais eficiente. Acho que isso deve prevalecer no debate no ano que vem.
Penso que as grandes cobranças do eleitorado, dos próprios adversários do senhor, vão estar nas áreas da Saúde e da Segurança, levando-se em consideração que o Estado fez o seu dever de casa e estamos relativamente bem na área de Educação. Então, nós temos Saúde e Segurança, os dois em situações muito ruins.
Não considero a Saúde ruim. E isso não sou eu que estou dizendo, não. (É) O relatório do Banco Interamericano. Não estou dizendo que o Ceará tem o maior sistema de saúde pública do País. O problema é que está bom? Não. Precisamos melhorar? Precisamos. Muito. Mas tivemos muitos avanços no Ceará. Nós não tínhamos uma policlínica, hoje temos 21 funcionando. Nenhuma! Nós não tínhamos nenhuma UPA. Hoje temos 29 funcionando. Não tínhamos nenhum Centro de Especialidades Odontológicas, para as pessoas fazerem tratamento dentário, e temos 19. Nós não tínhamos nenhum hospital no Interior e temos três funcionando hoje. Nós não tínhamos o SAMU; hoje, quase 70% dos municípios têm o SAMU. Nós somos o único estado do Brasil que tem uma aeronave UTI 24 horas para salvar vidas. Você sabe quanto custa uma aeronave dessa para salvar uma pessoa lá em Itapipoca? R$ 30 mil, R$ 40 mil, se for contratar privado. O Estado tem público, de graça para a população. Muitas vezes, a mídia só gosta de mostrar as coisas ruins. E por que não mostra a quantidade de vidas que nós salvamos? Então, dizer que está bom, não estou dizendo que está o melhor dos mundos, mas que nós tivemos avanços importantes, tivemos.
E a Segurança?
A Segurança é uma questão que nós vivemos uma epidemia no Brasil. Não estou jogando responsabilidade para ninguém, mas o governo federal é omisso nessa área. Nós não temos um plano nacional para isso, não temos uma meta. Para você ter uma ideia, três anos de governo eu vou completar agora e não recebi um centavo do governo federal para a Secretaria de Segurança Pública. Um centavo! Todos os investimentos que o Estado tem feito são de recursos próprios do Estado. A violência, hoje, é uma briga por um negócio ilícito, que é o tráfico de drogas, que se espalhou pelo Brasil inteiro, e a responsabilidade por proteger as nossas fronteiras é da União, é do governo federal. O governo federal fez foi reduzir a quantidade de efetivos nas fronteiras do Brasil, então não há uma estratégia. Eu não posso nem legislar sobre isso, quem tem que legislar é o Congresso Nacional, então o que cabe ao Estado fazer? Aumentar o efetivo? Estamos aumentando. Aumentar viaturas? Estamos aumentando. Aumentar equipamento, monitoramento eletrônico? Compramos duas aeronaves novas, valorizando o profissional, trabalhando com inteligência, operações, parceria, pactuação. Chamei o Poder Judiciário, a Polícia Federal, todos para sentar à mesa, porque essa é uma questão que não é só da Polícia, (também é) trabalhar a prevenção com areninhas, com campinhos, com a escola de tempo integral, com a Educação. Nós temos um plano. O Ceará é o único estado do Brasil que tem um plano escrito, com metas, com objetivos. Foi buscar o que há de melhor no Brasil para isso, e nós precisamos ser muito claros com a sociedade, não fazer o discurso fácil da oposição, que essa é a minha crítica. Acho que a oposição sempre tem que existir, fazer a crítica construtiva, mas qual é a sugestão da oposição em relação à Segurança? O que ela sugere que eu ainda não fiz em relação ao Ceará? É preciso ser sincero com a população. Nós estamos pagando um preço muito caro hoje pelo País não ter tido uma política no passado, não ter prevenido os nossos jovens de estar hoje nas ruas ou nas drogas, então nós estamos construindo os passos. Não tenho dúvida disso. Nós vamos fazer do Ceará um estado modelo nessa área, agora isso não acontece do dia para a noite.
Governador, no ano passado, nesse mesmo espaço, falando de política, nós comentamos as dificuldades experimentadas pelo PT. Elas mudaram? O senhor vai para a campanha defendendo o PT? 
O partido, hoje, se você for analisar, as pessoas estão olhando muito mais as pessoas do que os partidos. Considero que o PT teve políticas, com o presidente Lula, muito importantes para a população. O Lula, hoje, tem um reconhecimento do Nordeste brasileiro e do País. Está disparado aí nas pesquisas por conta de olhar para os mais pobres, então foi um partido que sempre olhou para as pessoas que mais precisam, para as políticas públicas que acolhessem as pessoas mais pobres, que olhou para a Educação. Eu olho para o Ceará e nós tínhamos três institutos federais de educação. Nós vamos chegar agora a 31. Um presidente que nunca se formou foi o presidente que mais criou universidades e institutos federais no País. Quem devia ter feito isso era o sociólogo, com doutorado lá, que naquela época foi presidente. Tem muita coisa boa, tem muita gente que não conseguia nem comer direito no Nordeste brasileiro e passou a ter três refeições, e tem erros também que precisam ser corrigidos, superados. Esse é um debate que precisa ser feito.
Recentemente, declarações do senhor admitiam até a possibilidade de o ex-presidente Lula não ser candidato. Até chegou a falar em Ciro e Haddad. Hoje, o senhor ainda alimenta essa ideia de que o Lula poderá não ser candidato ou ele será candidato? E nesse quadro, como é que fica a relação do senhor tendo o Ciro aqui no seu palanque, e o Lula também no palanque?
Primeiro, vamos aguardar os candidatos, porque ainda estamos em 2017 e, em 2018, nós ainda vamos discutir a eleição e a política. Mas quando disse isso, é porque parto do princípio de que é preciso renovação na política. Para mim, o Lula foi um dos maiores presidentes desse País, não merece e nem merecia estar passando o que está passando. Então, esse é um aspecto, e se cometeu erro precisa ser punido. Qualquer pessoa que cometeu erro precisa ser punida. Mas quando fiz aquela declaração, parto do princípio de que é preciso renovar os quadros da política, é preciso colocar pessoas novas, então a minha fala foi essa. E o próprio PT tem nomes muito bons nesse País. Nós temos o grande nome do Ciro Gomes também, que é pré-candidato, uma pessoa que é meu amigo, meu parceiro, mas vamos aguardar 2018, para saber como vai se comportar o quadro político e a gente poder fazer as definições de como vai se dar o quadro de 2018.
2018 é amanhã. O senhor vai dar os primeiros passos para definir a sua chapa, as suas alianças, a partir de quando? Antes ou depois do Carnaval?
Não, só no prazo eleitoral.
Mas no prazo eleitoral…
É junho, julho (risos).
Governador, o prazo eleitoral quem faz é o político. Todo dia ele faz campanha. O governador, quando vai inaugurar uma obra, recebe correligionários, que estão batendo palma, e isso é natural, normal, então o prazo da política quem faz é o candidato. Nós temos um calendário eleitoral que diz até quando se pode fazer as convenções para homologar as candidaturas e registrar os candidatos.
Isso, vamos cumprir os prazos eleitorais (risos).
Não tem prazo eleitoral para o candidato ou para os candidatos se articularem na formação das suas alianças…
Não, nós vamos começar a conversar. Você não imagina, se coloque um pouco no meu lugar. Eu nunca imaginei estar num momento tão conturbado, pegar uma crise política, seis anos de seca, uma crise econômica pesada. A minha energia tem sido muito voltada para isso. É planejamento, é reunião, é buscar alternativa, usar a criatividade para superar a crise. Esse tem sido o meu foco e vou continuar em 2018. Agora, vou começar também a conversar com os partidos, para saber quais serão os rumos que nós vamos tomar em 2018. Quais são os partidos que vão estar na nossa base, na nossa aliança, então vamos intensificar (conversas). Minha prioridade continuará sendo administrar o Estado do Ceará, que é a minha responsabilidade, mas vamos intensificar, vamos começar a discutir o processo eleitoral de 2018.
2017 foi um ano muito difícil para a economia nacional, para as administrações públicas nos estados nem se fala, mas o Estado do Ceará deu um exemplo para o País, pagou as suas contas em dia. Agora temos 2018, que é um ano de eleição. O que será dele?
2017 foi mais um ano com grandes desafios, como você disse, na economia brasileira, na política, e acho que, com muito trabalho, com muita pactuação, com uma equipe muito bem sintonizada, nós conseguimos atravessar 2017 mantendo o Estado equilibrado, mantendo o Estado com suas contas em dia, fazendo isso não só com servidores, mas com fornecedores. Demos aumento a servidores de várias categorias, fizemos vários concursos públicos. Mas o mais importante que acho dessa parte da gestão é a capacidade que o Estado teve de investir. Em 2016, nós fomos o Estado que mais fez investimento público dos estados da federação e, agora em 2017, não sei como vai ser o comportamento dos outros estados, mas nós vamos investir, nesse ano, mais do que investimos nominalmente em 2016. E é o que a população nos cobra: investimento em novas estradas, em novas unidades de saúde, escolas, segurança, contratação de pessoal, viaturas, investimento na área da Saúde, enfim, então isso para mim é o mais importante. Todo o ajuste e equilíbrio fiscal que a gente faz na gestão é para garantir que haja um aumento de investimentos para o Estado. E nós estamos preparados para 2018. Fizemos todo o dever de casa, como a gente diz, para entrar em 2018. Se a economia se mantiver como agora, o último PIB do trimestre foi positivo e foi quase o dobro do Brasil, o do Ceará. Nós estamos com seis meses de taxa positiva de emprego no Ceará. Se mantiver nesse ritmo, acredito que 2018 será um ano ainda melhor do ponto de vista de investimentos para o Estado. A grande preocupação, hoje, é a questão hídrica. Como vai se comportar o inverno agora em 2018 e a conclusão da Transposição, que é o grande problema da nossa segurança hídrica do Estado. Então, se chover ou se a Transposição chegar no prazo realmente previsto, até março, a nossa tranquilidade, do ponto de vista para o Estado, é muito boa.
Governador, 2018 é um ano de eleição, e em ano de eleição os governantes sofrem muitas pressões para atender pleitos de servidores públicos, construir obras que as comunidades reclamam há muito tempo, e isso dificulta a gestão. O senhor disse que em 2018 está preparado para isso, mas para essas condições de disputa eleitoral?
Nós estamos fazendo todo um planejamento. O Orçamento (de 2018) foi aprovado agora, na Assembleia, com um conjunto de políticas que o Estado vem planejando fazer. Vou dar um exemplo: cada ano que passa, a gente tem investido cada vez mais na área de Saúde, que é o grande gargalo, é a grande cobrança da população. Para você ter uma ideia, talvez a gente chegue ao final desse ano com mais de R$ 200 milhões a mais de custeio da Saúde, se comparado ao ano passado. Eu já aumentei, de 2015 a 2016, R$ 230 milhões, mas uma angústia muito forte minha é a fila de pessoas aguardando uma cirurgia. Temos hoje algo em torno de 15 mil a 18 mil pessoas no Ceará aguardando para fazer uma cirurgia. Nós aprovamos, na semana passada, uma lei na Assembleia que me autoriza fazer um edital para convocar a iniciativa privada, os hospitais privados, para a gente atender essa população que esteja na fila. Eu já estou com o dinheiro reservado para isso, quero ainda lançar esse ano o edital e, com isso, ver se a gente zera essa fila de cirurgia a partir de janeiro de 2018. Essa era uma das coisas que eu vinha tentando planejar, mas com a demanda dos meus equipamentos de Saúde cada vez maiores – porque quando se está numa crise, a população demanda mais do serviço público de saúde –, isso aumenta mais a demanda, e isso requer mais recursos do Estado.
Fonte: Blog do Edison Silva

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