quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Delator disse que pagou propina ao PT, mas cheque estava em nome de Michel Temer

Um cheque de doação nominal emitido pela construtora Andrade Gutierrez no valor de R$ 1 milhão ao então candidato à vice-presidência Michel Temer (PMDB) em 2014 contradiz a versão que o ex-presidente da empresa, o delator Otávio Azevedo, apresentou em seu depoimento na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. 
Na declaração, feita em setembro deste ano, Azevedo disse que a empreiteira doou, em março daquele ano, R$ 1 milhão ao diretório nacional do PT, valor que teria sido pago como parte de um acerto de propina de 1% sobre os contratos da Andrade Gutierrez com o governo federal.
Michel Temer (PMDB)
O valor, segundo o delator, teria sido repassado do diretório petista para a campanha no dia 14 de julho. À época, conforme a legislação, os diretórios eram obrigados a identificar o responsável pelas doações feitas à sigla e encaminhados aos candidatos.
Contudo, o cheque e os registros da prestação de contas mostram que o repasse feito para o diretório nacional do PMDB e em nome do atusal presidente, cujo nome completo é Michel Miguel Elias Temer Lulia. Ele que teria feito o repasse para a campanha da chapa Dilma-Temer. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
A divergência levou a defesa de Dilma Rousseff no processo a acusar o delator de prestar falso depoimento à Justiça Eleitoral. Os advogados de Dilma pediram ao Ministério Público que apure o caso.
Ainda em setembro, quando indagado pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin sobre as doações feitas Andrade Gutierrez aos vários candidatos e partidos, Otávio afirmou que não havia distinção no caixa da companhia sobre quais repasses eram feitos aos variados políticos. 
Ele afirmou, entretanto, que “certamente” o milhão foi doado ao PT em março, ainda que achava que o repasse tivesser ocorrido em julho. Azevedo também reforçou que a doação era decorrente do acerto de propinas da empresa com o governo federal.
Otávio Azevedo
Segundo o delator, parte dos recursos doados ao PMDB vinham de um acerto de propinas referente às obras da usina de Belo Monte, também citada por outros delatores da Andrade e sob investigação da Lava Jato.
Diante disso, o ministro Herman Benjamin, relator do processo que pode levar à cassação da chapa vitoriosa em 2014, determinou para a próxima quinta-feira (17) uma acareação entre Edinho Silva, tesoureiro da campanha petista, e o executivo. 
Em nota, o PMDB afirmou “que sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país. Doações de empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral nas eleições citadas. Em todos esses anos, após fiscalização e análise acurada do Tribunal Superior Eleitoral, todas as contas do PMDB foram aprovadas não sendo encontrados nenhum indício de irregularidade”.
Fonte: diariodonordeste

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